As obras de SELF centram-se na relação entre o ID, o Super Ego e o Ego. O Self. Nós. Como é que cada um de nós se perceciona, pensa, reflete? Qual a capacidade de insight e de como ela afeta a relação connosco e com os outros?
Com mais de 20 anos de psicanálise continua, SELF busca encontrar as motivações nos comportamentos dos outros, para dar suporte à sua interpretação do que o rodeia. É neste processo cognitivo que SELF cria as suas peças, em que analisa acontecimentos e comportamentos com os quais todos nos identificamos, e os satiriza, desconstrói ou alerta.
Reaproveitando objetos icónicos da cultura pop, sobretudo, dos anos 70 a 90, nos quais integra computadores, inteligência artificial, ecrãs LCD, áudio, vídeo, animações ou informações em tempo real por WiFi, SELF mostra e faz-nos pensar sobre realidades que estão à nossa frente e que não vemos ou não queremos ver. Ou seja, quando o Super Ego define o que pode ou não ser consciente e leva, ou não, à mudança de comportamento.
As obras de SELF pretendem ser um hub para o pensamento e reflexão, através de objetos facilmente identificáveis que criam emoções internas.
A sua exposição de estreia será no verão de 2025, e irá percorrer, numa tour, várias cidades do país. Até lá, peças pontuais começam a ser desvendadas em acontecimentos culturais chave. Na Lisboa Fashion Week, SELF apresenta “I DRESS, THEREFORE I EXIST”.
I DRESS, THEREFORE I EXIST
7 — 9 MAR, Lounge ModaLisboa
A indústria da fast-fashion tornou-se num círculo vicioso:
1) injeta dopamina emocional que nos leva a acreditar que só somos alguém de valor se estivermos a comprar roupa de forma contínua;
2) leva-nos a deitar fora roupa em ótimo estado porque não temos espaço no armário;
3) faz com que seja cada vez mais difícil que criadores tenham a possibilidade de serem bem-sucedidos pela dificuldade de competirem com a produção em massa.
Esta relação tóxica com as grandes marcas de fast-fashion cria dependência, consumismo, desperdício, poluição, exploração infantil, e uma construção deficitária no nosso Eu, porque achamos que só somos validados se vestirmos de forma igual à de quem nos rodeia. Isto retira oxigénio, inovação e originalidade aos novos criadores. Esta peça simboliza este círculo vicioso: um caixote de lixo está repleto de roupas em bom estado que foram deitadas fora simplesmente porque são de uma temporada anterior. No meio delas, televisores emitem mensagens satíricas de apelo ao consumo que levaram a esse desperdício.