ana margarida feijao

DESIGNER

Ana Margarida Feijão

Ana Margarida Feijão é Designer de Moda, natural do Algarve. Estudou na Parsons School of Design, e na Central Saint Martins, após a licenciatura na Faculdade de Arquitetura de Lisboa. O seu trabalho vive entre a arte e a Moda, com uma forte componente de crítica social, explorando os papéis atribuídos às mulheres ao longo do tempo. A sua prática distingue-se pelo desenvolvimento de peças de carácter escultórico inspiradas no vestuário histórico e reinterpretadas com um olhar contemporâneo. Entre 2022 e 2024, integrou a equipa da Designer Melitta Baumeister, em Nova Iorque, experiência que lhe permitiu aprofundar o domínio da forma escultural e de técnicas inovadoras de construção de vestuário. Atualmente a viver em Nova Iorque, desenvolve o seu projeto pessoal com uma abordagem conceptual que propõe um espaço de reflexão sobre memória, corpo e a complexidade da experiência feminina.

Quinta-feira, 2 OUTUBRO. 19H30
Fashion House. Acessível por convite.

LIBERDADE É NOME DE MULHER é a continuação do trabalho iniciado por Ana Margarida Feijão na sua coleção de final de curso, apresentada em 2024 na NYFW.

Inspirada pela série documental “Nome Mulher”, da RTP, da autoria de Maria Antónia Palla e Antónia de Sousa, a coleção parte das histórias de mulheres portuguesas no período pós-25 de Abril de 1974. Histórias reais, muitas vezes esquecidas, de quem viveu a promessa da liberdade num país ainda preso a hábitos antigos. Margarida cruza essas memórias com as das mulheres que a criaram, mulheres do sul, do monte, da persistência e com a sua própria experiência enquanto mulher portuguesa que herdou uma democracia, mas ainda marcada por heranças patriarcais.

Silhuetas e detalhes de trajes portugueses surgem como ponto de partida — reinterpretados com respeito e intimidade, como quem veste as memórias com um novo olhar. Há uma tensão constante entre estrutura e fluidez, entre aquilo que nos moldaram a ser e aquilo que queremos tornar-nos.

A coleção apresenta uma paleta monocromática dominada pelo preto — uma escolha deliberada, carregada de peso simbólico e emocional. Aqui, o preto não representa ausência, mas sim a concentração de memórias, lutas e resistências silenciosas. Tecidos manualmente construídos a partir de fios têxteis, que recebem tratamento para ganhar uma estrutura própria — firme sem perder a leveza, delicados mas com presença marcada. As sedas, drapeadas à mão e inspiradas nas saias volumosas do traje tradicional português, contrastam com a firmeza do couro, refletindo a constante tensão entre proteção e exposição.

Cada peça é pensada como um corpo de memória — como se a própria roupa guardasse histórias vividas e silêncios herdados. Mais do que roupa, esta coleção é uma declaração de resistência. Ela fala de traumas intergeracionais, de liberdade conquistada com esforço, de um corpo feminino que resiste às formas impostas.

Disponível brevemente