Sangue Novo
Pelas regras-base de construção de um menu, deveríamos referir-nos ao Sangue Novo supported by Seaside, primeiro desfile da 61ª Lisboa Fashion Week, como Entradas. Mas há dois motivos pelos quais não o vamos fazer: o primeiro é que cada um dos dez jovens Designers selecionados é muito mais que uma simples introdução. O segundo é que nunca gostámos muito de seguir regras.
Analisar estas dez coleções é também fazer uma auscultação à visão da nova geração do Design de Moda para o presente e o futuro do setor — e, por conseguinte, das problemáticas identitárias e sociais que são, atualmente, o motor da criação.
Os projetos, materializados com o apoio das parcerias têxteis ModaLisboa (Calvelex/Fabrics4Fashion, RDD Textiles e Riopele) têm uma preocupação transversal com a utilização de processos de confeção com menor impacto ambiental. Além do habitual recurso a deadstock e upcycling, os jovens Designers utilizam estampados feitos a partir de processos naturais, recorrem a mono-materiais, fibras naturais, materiais recicláveis e impressões 3D. Quanto ao conceito, a interpretação da realidade desdobra-se no deslumbramento com o novo — seja ele tão simples como uma textura, ou tão complexo como um mundo de ficção —, na metamorfose e transformação, na identidade que transcende o que é estático, na gentrificação e até na beleza da rotina.
No dia 6 de outubro de 2023, a MODALISBOA À LA CARTE recebe os dez projetos do concurso que volta a ter o apoio da Seaside, e é no mesmo dia que anuncia os cinco finalistas que, em março de 2024, competem pelos prémios IED – Istituto Europeo di Design e RDD Textiles. Os cinco Designers, que começam desde já a ter representação no showroom Showpress, recebem mil euros para trabalhar na próxima coleção, bem como sessões de mentoria com o painel de jurados.